quarta-feira, 30 de junho de 2010

A vida é a arte de extrair conclusões suficientes de premissas insuficientes.

"I found a reason"
Cat Power

Oh I do believe
In all the things you say
What comes is better than what came before
And you'd better come come, come come to me
Better come, come come, come come to me
Better run, run run, run run to me
Better come
Oh I do believe
In all the things you say
What comes is better that what came before
And you'd better run run, run run to me
Better run, run run, run run to me
Better come, come come, come come to me
You'd better run

terça-feira, 29 de junho de 2010

É suficiente ser quem você realmente é.

"Então, desesperado, tenho de escapar a outras regiões, se possível a caminho do prazer, se não, a caminho da dor.
Quando não encontro nem um nem outro e respiro a morna mediocridade dos dias chamados bons, sinto-me tão dolorido e miserável em minha alma infantil, que atiro a enferrujada lira do agradecimento à cara satisfeita do sonolento deus, prefiro sentir em mim uma verdadeira dor infernal do que essa saudável temperatura de um quarto aquecido.
Arde então em mim um selvagem anseio de sensações fortes, um ardor pela vida desregrada, baixa, estéril, bem como um desejo louco de destruir, seja um armazém, uma catedral ou a mim mesmo, pois, o que eu odiava mais profundamente e maldizia mais, era aquela satisfação, aquela saúde, aquela comodidade, esse otimismo bem cuidado dos cidadãos, essa educação adiposa e saudável do medíocre, do acomodado" - Hermann Hesse

quinta-feira, 24 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

eu também quero uma realidade inventada

Estava eu cá com meus botões...e as palavras de Clarice...e como não existem palavras não ditas, faço das palavras dela as minhas...

É curioso não saber dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo...estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. E, como artifício em busca da ordem ou a sensação de ordem, me perco no caminho pela ânsia de acertar.

Sou como você me vê ... Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar ... É que por enquanto a metarmofose de mim em mim mesma não faz sentido. É uma metamorfose em que eu perco tudo o que tinha, e o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pé diante de um susto. Sou: o que vi. Não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com seus planetas e baratas.

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. A semiótica que o diga. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. O mundo acaba sendo mais confortável de cabeça para baixo. Não entender é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo pois tenho a clareza em mim que quanto mais sei, menos sei.

...há impossibilidade de ser além do que se é - no entanto eu me ultrapasso mesmo sem o delírio, sou mais do que eu, quase normalmente - tenho um corpo e tudo que eu fizer é continuação de meu começo...a única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo.

E, em meio a tudo isso... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida.

Sonhei essa noite como a tempos não lembrava. Foi um sonho bom, com gosto e cheiro conhecidos. Pode parecer estranho, mas tenho memória de cheiro e de gosto. Fui preenchida por uma sensação familiar de segurança, de amor e cumplicidade. Foi um sonho muito bom. Tão bom que ao acordar me dei conta que era um sonho, e a realidade de tão dura me partiu o coração.

Sinto saudade. Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

E apesar de tudo, ainda espero esse teu mistério conhecido, mas é o que eu quero. E quero inteira, com a alma também. Apesar de tudo, ainda te amo. Mas como se começa do final? Eu não sei. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.


Sou uma filha da natureza: quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta?
Creio que sim. Mas vale a pena.
Mesmo que doa. Dói só no começo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Eu Tenho Um Sonho


















"Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!"


Fernando Pessoa

segunda-feira, 7 de junho de 2010

From Winter to Spring















Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira.
(Cecília Meireles)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um passo à frente e você já não está no mesmo lugar

















Ser a mudança que você espera do mundo é complicado. Podia ser mais fácil, mas infelizmente não é. Todo mundo está tão preocupado com o próprio umbigo que passa por cima de tudo e qualquer coisa.

Eu?! Eu continuo na margem dessa sociedade de massas agindo de acordo com meus princípios e crenças. Eu acabo onde você termina e ponto. Nossas chances são 50/50 e eu escolho encarar as coisas da maneira mais leve possível. Entre ter um bom dia ou um ruim, prefiro um dia bom. Bom não...que bom é morno...ótimo!

As vezes as pessoas não entendem quando fico em silêncio, mais reservada, por costume de ver transbordando por aí. Por horas reservo meu tempo para organizar e urbanizar terrenos psíquicos. Outras simplesmente não vejo razão em despender energia para tentar expressar o que já não é exatamente o que eu queria dizer para alguém que não entenderá realmente o que eu queria dizer. Então por quê?
Concordaremos em discordar então.

Li essa semana uma "frase do dia" da Clarice: "Liberdade é pouco. O que eu quero ainda não tem nome". Pois é..
Se fosse possível ser livre, tudo iria simplesmente fluir.
Liberdade é poder escolher o pior, se for o caso. não tem relação nenhuma com sempre escolher o melhor ou o certo. Senão seria determinismo, não liberdade.
A maioria das coisas que decidimos não são o que sabemos ser o melhor. Dizemos sim meramente porque somos colocados contra a parede e precisamos dizer algo, mesmo sem ter o que dizer.

E no meio dessa confusão, dessa falsa liberdade de escolha, desse protocolo que foi instituido no nascimento, eu não desisto.
Eu quero mais.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Charmed

Do you ever think in bubbles?



a perfect day for bubbles...

Popping Bubbles
@ http://www.flickr.com/photos/11164709@N06/sets/72157607182199900/

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Salve Jorge!


Jorge Da Capadócia
Composição: Jorge Ben Jor

Jorge sentou praça na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham pés, não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos, não me peguem, não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam
E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal

Armas de fogo, meu corpo não alcançará
Facas, lanças se quebrem, sem o meu corpo tocar
Cordas, correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge

Jorge é de Capadócia, viva Jorge!
Jorge é de Capadócia, salve Jorge!

Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor
Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor

Ogam toca pra Ogum
Ogam toca pra Ogum
Ogam, Ogam toca pra Ogum

Jorge é da Capadócia

terça-feira, 9 de março de 2010

Viver e não ter a vergonha de ser Feliz...


"É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.
Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver" - Martin Luther King

segunda-feira, 8 de março de 2010

Desejos no Dia Internacional da Mulher


Canção das mulheres
Lya Luft

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco — em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.

Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você!”

Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!”

Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: “Pôxa, mais um?”

Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro — filho, amigo, amante, marido — não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa — uma mulher.